Vou convidá-lo a imaginar comigo a seguinte situação:
Marta chegou em casa após um dia muito difícil no seu trabalho, não apenas no seu trabalho, mas passou horas no trânsito. Além disso, teve uma conversa bem difícil com sua colega de trabalho e ao chegar em casa parecia estar com muita vontade de compartilhar o seu dia com o seu esposo.
Pedro, no entanto, estava muito concentrado no computador, ainda fazendo coisas de seu trabalho e parecia estar desatento aos relatos de Marta.
Marta - Nossa, que dia eu tive. Primeiro, peguei um trânsito muito intenso quando saí de casa.
Pedro - Uhum.
Marta - E então eu comecei a trabalhar, eu e Joana começamos a discutir sobre aquela apresentação que faremos na próxima semana...
Pedro - Sim.
Marta - Pedro, o que você quer jantar?
Pedro - Hum... certo.
Marta - Pedro, você está ouvindo alguma coisa que eu acabei de falar???
Pedro - O quê? Ouça, tenho um e-mail de trabalho que preciso responder. Vou terminar em um segundo. (Começa a resmungar baixinho para si mesmo). É pedir muito alguns minutos para mim mesmo para não ser demitido?
Marta - Tudo bem! Verifique seu e-mail. Qual é o sentido de eu tentar falar com você de qualquer maneira? Você não dá a mínima para mim. Por que você se incomoda em voltar para casa?!? Porque definitivamente não é para me ver.
Pedro não responde... continua a olhar para a tela do computador, mas não está digitando. Marta espera que ele responda, vê que ele não vai responder e sai balançando a cabeça.
Dois lados da história
Marta e Pedro têm ideias muito diferentes sobre o que aconteceu durante aquela discussão.
Marta: Dá para acreditar nele?? Você viu como ele é... Tive um dia terrível, e ele não está nem aí. Ele é assim o tempo todo! Rude e totalmente egocêntrico. Ele não consegue nem ter uma conversa, muito menos um relacionamento; ele é tão emocionalmente confuso e distante.
Pedro parecendo frustrado: Vê como ela fica irritada por nada?! Ela constantemente me incomoda, reage exageradamente a tudo, não consigo dizer nada direito, não consigo fazer nada.
A Terapia Comportamental Integrativa de Casais (IBCT) propõe uma compreensão mais profunda do relacionamento e dos problemas vivenciados pelo casal, que perpassa pelas diferenças, questões emocionais, eventos estressores e padrões de comunicação ou interação.
Podemos imaginar que Marta e Pedro estejam reagindo de forma exagerada ao que o outro (a) fez, mas e se disséssemos que eles têm algumas DIFERENÇAS importantes: ela é um pouco mais extrovertida e sociável do que ele.
Por exemplo, talvez Marta desejasse muito compartilhar com Pedro o que experimentou durante o seu dia. Pedro, por outro lado, depois de um dia difícil talvez gostaria de voltar para casa e apenas descansar.
Além de suas diferenças, este problema desencadeia EMOÇÕES DIFÍCEIS para eles. Marta sente que não é importante para ele, Pedro sente como se não pudesse respirar quando está próximo de Marta.
Além disso, ambos estavam lidando com ESTRESSORES EXTERNOS, Marta com situações relativas ao trânsito e suas interações no trabalho. Pedro não conseguiu bater suas metas e estava se sentindo ameaçado por seu chefe.
Observe que esta não é a primeira vez que eles estão tendo uma discussão como esta e que este PADRÃO DE COMUNICAÇÃO ou INTERAÇÃO está se repetindo e mantendo eles frustrados e presos às críticas e ataques mútuos.
Note como que para nós, que estamos do lado de fora, podemos ver mais facilmente ESTE OUTRO LADO DA HISTÓRIA e podemos dar um passo para trás e pensar sobre isso. Mas para Marta e Pedro esta é uma tarefa extremamente difícil, mas este é o desafio deles, caso queiram se desvencilhar e fortalecer seu relacionamento.
Inspirado e Adaptado do Trabalho de Christensen, Doss e Jacobson.
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