Quando você pronunciou seus votos de casamento, cheio de amor e carinho, provavelmente não incluiu:
“Prometo amá-lo e respeitá-lo, mesmo quando confinado a um espaço pequeno, 24 horas por dia, diante de uma pandemia mundial.”
Como terapeuta de casais, entendo que eventos estressores / externos podem prejudicar a forma como nos relacionamos: perda de emprego, mudança de cidade, infidelidade, falecimento de um ente querido, nascimento de um filho, etc.
Li em uma matéria recente o seguinte comentário: “Meu casamento sobreviveu à
infidelidade. Não sei se podemos sobreviver ao coronavírus”.
Foi uma mudança súbita, não? Até a as últimas semanas tínhamos várias fontes de prazer que encontrávamos fora do relacionamento: trabalho, academia, amigos, igreja, etc.
De repente, passamos a viver a maior parte do dia com uma pessoa e por mais que seja normal surgir um desejo que nossos parceiros supram todas as nossas necessidades que tínhamos até então, você já deve ter percebido que isso é impossível.
Diante disso, quero expor durante os próximos dias sobre 4 elementos da Terapia Comportamental Integrativa de Casais (IBCT) que podem auxiliar-nos a trazer maior empatia e compreensão para os nossos relacionamentos neste momento.
O primeiro elemento representa as diferenças do casal em relação àquilo que mais os
incomoda. Em tempos de quarentena e distanciamento social, as diferenças entre você e seu parceiro podem se tornar muito mais evidentes e causar muita dor.
Diferenças de opiniões políticas sobre as restrições impostas pelo governo, cuidados com
os filhos, sobre os gastos, sobre como cuidar da casa, o tempo gasto juntos, sobre relação sexual, etc.
Quando nos deparamos com diferenças que nos incomodam, nossa primeira reação talvez seja culpar o nosso parceiro: Pq você é assim? Pq você faz assim e não assado? Contudo, ao fazermos isso, é bem provável produzirmos o efeito contrário ao pretendido inicialmente.
Observe também que muitas das diferenças que hoje te incomodam no seu parceiro, nem
sempre incomodaram no passado. Na verdade, em muitos momentos no passado ou até
mesmo em outros contextos do presente, foi aquilo que te atraiu (a diferença entre vocês).
As diferenças fazem parte, pq temos histórias de vida diferentes do nosso parceiro, crescemos em um contexto diferente do dele. As diferenças não são o problema a ser eliminado, mas a forma como lidamos com elas faz muita DIFERENÇA.
Felizmente, como eu falei no último post, um maior contato gerado pelo período de
quarentena, não apenas intensifica as incompatibilidades, mas também é uma
oportunidade de maior proximidade e atração.
Como diz Christensen, Doss e Jacobson, autores do livro Diferenças Reconciliáveis, “Começamos a descobrir que a vida com um parceiro é um complexo equilíbrio entre aspectos positivos e negativos. Finalmente nos comprometemos com alguém quando as atrações parecem fortes e as incompatibilidades gerenciáveis”.
Em caso de violência doméstica, ligar para 180.
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